quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Em Vivo Contato

28ª Bienal de São Paulo....
Prá quem esperava um momento glamoroso e contemplativo no mundo da arte, pode se frustrar ao entrar no pavilhão da Bienal, localizado no Parque do Ibirapuera, São Paulo.
A exposição com curadoria de Ivo Mesquita e Ana Paula Cohen procura ao meu ver, apresentar o diálogo artístico contemporâneo, permitindo uma discussão entre críticos e artistas sobre o valor, enquanto obra, do que está sendo apresentado ao público.
Ao entrar pelos corredores e tentar me encontrar dentro de um olhar artístico, percebo a caracterização de obras lúdicas, como se fossem um grande playground, onde o público interage sem restrições.
"Performances tornam o Pavilhão da Bienal, um espaço para encenação, o envolvimento e o mistério da história" ( Jornal semanal da 28ª Bienal de SP. - Fundação Bienal)
É necessárias chamar a atenção rapidamente, antes que o público se disperse, e no entanto o espaço vazio do segundo andar, me faz questionar se realmente é "o vazio" com toda a sua profundidade e bagagem histórica, como por exemplo " o vazio" de Yves Klein, ou um vazio qualquer, politicamente correto.
Não posso negar obras interessantes como as da gravurista
Leya Mira Brander, descrito detalhadamente em água tinta, onde é preciso se sentar para apreciar as pequenas frases distribuidas em pequeninos espaços, impressos e dispostos abaixo de um vidro.
Ainda faria uma observação para a quantidade de público jovem que tem algum contato com as obras, ainda que seja superficial, mas que entra e sai dos corredores do Pavilhão, querendo descer freneticamente o "tobogam" estrategicamente construido pelo artista
Carsten Höler. É como se o espaço" sagrado" da Bienal, tivesse sido dismistificado.
Apesar destas observações ainda busquei nas vídeoinstalações, algo que me fizesse contemplar e ficar extasiada pelo único, pelo singular, pelo belo!. Não consegui.
A visita à Bienal é rota obrigatória para todo artista, e cada um pode chegar aos seus próprios questionamentos ao se deparar
Em Vivo Contato com cada obra. Os novos desafios e paradoxos que são colocados hoje precisam de muita reflexão e as decisões dos rumos que o trabalho deve tomar, é pessoal e intransferível.
Sempre me pergunto: O que vai ficar depois disso??? Quais são os artistas que permanecerão??? Existirão, ainda hoje, Gerard Richters vivos, com obras que valem milhões pela grandeza de sua dialética bem como pela qualidade de sua produção inquestionável, que marcam uma história não muito distante??

Só o tempo dira!